Falências no país crescem 21,6%
Desaceleração da economia, tributos e má gestão foram as causas principais
Dificuldade de honrar os compromissos financeiros assumidos e  lucratividade cada vez menor são alguns dos sinais de que uma empresa  não está indo bem e pode até mesmo fechar as portas, segundo  especialistas. E o número de empresas que passam por dificuldades no  país vem aumentando neste ano. É o que atesta levantamento do Serviço  Central de Proteção ao Crédito, da Boa Vista Serviços, que mostra que o  número de pedidos de falência registrou alta de 21,6% em outubro na  comparação com o mês anterior. A expansão também é verificada na  comparação com o décimo mês de 2011, com elevação de 19,7%. No acumulado  do ano, o número apresentou crescimento de 20,8%, contra o mesmo  período do ano passado.
Os números, conforme a Boa Vista  Serviços, podem ser explicados pela desaceleração da economia, que teve  início em 2011 e se estendeu por 2012, trazendo efeitos sobre a  capacidade de pagamento das empresas, prejudicando o desempenho  financeiro e contribuindo para a elevação os pedidos de falência e de  recuperação judicial em 2012.
Para o sócio da  PricewaterhouseCoopers (PwC) e responsável no Brasil pela área de  recuperação de empresas, Antonio Toro, não existe uma única causa para  que uma empresa encerre as atividades. "Todas as empresas toleram algum  tipo de ineficiência, mas não por muito tempo. Os erros de gestão são  alguns dos casos clássicos, mas não os únicos", observa. Tributos altos e  concorrência com importados também justificam os números altos de  pedidos de falência no país.
Ele ressalta que as dificuldades  enfrentadas pelas empresas podem ser fruto de um cenário econômico ruim,  como aconteceu com o setor siderúrgico com a crise desencadeada em 2008  e que prosseguiu no ano seguinte, que fez com que muitas empresas do  setor encerrassem as atividades, bem como por erros cometidos pelas  companhias.
Concorrência. Uma empresária do segmento de beleza,  dona de dois salões na região Centro-Sul da capital, que preferiu não se  identificar, conta que está passando por dificuldades e que uma das  unidades já foi posta à venda. "Não está dando lucro e empresa tem que  dar lucro", observa.
Para ela, um dos problemas enfrentados hoje é  a concorrência acirrada e a falta de mão de obra qualificada. "Eu não  diria que Belo Horizonte é só a capital dos bares e botecos. É também  dos salões de beleza, que abrem e fecham todos os dias", diz. A  empresária conta que a dificuldade de conseguir profissionais se  intensificou nos últimos quatro anos.
