Inflação é a menor em três anos e fica abaixo da meta

IPCA é de 4,36% em 12 meses até agosto, abaixo dos 4,5% da meta do governo

A inflação oficial do governo, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), registrou alta de 0,15% em agosto, informou ontem o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O resultado foi o menor desde agosto de 2006, quando o indicador situou-se em 0,05%.
A variação registrada em agosto ratifica a trajetória de queda da inflação. Em julho, o IPCA havia subido 0,24%, e, em junho, 0,36%. Graças a essa tendência, o indicador acumula elevação de 2,97% no ano. Nos últimos 12 meses, o IPCA acumula alta de 4,36%.
Apesar de, pela primeira vez no ano, a inflação em 12 meses ter ficado abaixo da meta do governo, de 4,5% no ano, a evolução de preços ainda é motivo de preocupação para o Comitê de Política Monetária (Copom).
Na ata da reunião em que decidiu manter a taxa de juros inalterada, o Banco Central chama a atenção para o fato de que a inflação inspira cautela para evitar que escape da meta (leia texto nesta página).
"Essa é uma preocupação natural do BC. O banco precisa observar os impactos que a taxa de juros, de 8,75%, causará na atividade. Na minha avaliação, no entanto, só deve ocorrer algum tipo de pressão inflacionária no último trimestre de 2010", diz o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale.
Ele acrescenta que a tendência da trajetória continuará de baixa devido aos preços administrados (como tarifas de telefone e aluguéis), que são corrigidos por índices de preços que têm mostrado deflação.
A coordenadora dos Índices de Preços do IBGE, Eulina dos Santos, destaca o fato de que o atual nível de inflação acumulado em 12 meses ainda está contaminado por meses pré- -crise, de demanda aquecida. "Nos próximos meses, porém, o acumulado começará a captar o que ocorreu no pós-crise. A tendência será, portanto, de acumulado ainda menor."
Quando observada a contribuição da inflação por grupos, quatro dos nove pesquisados pelo IBGE apresentaram pressões de queda: artigos de residência (-0,24%), transportes (-0,11%), construção (-0,02%) e alimentação (-0,01%).
Entre os destaques individuais, a desaceleração da inflação em agosto foi causada, principalmente, pelo recuo no preço do leite pasteurizado -que teve deflação de 6,61%, depois de subir 4,02% em julho-, e da redução no reajuste de tarifas de energia elétrica, que subiram 0,39% em agosto, após alta de 3,25% em julho.
"Apesar do recuo em agosto, os alimentos acumulam alta de 2,56% nos oito primeiros meses do ano. O patamar de preços ainda está mais alto do que em 2007, já que, somente em 2008, a elevação foi de 11%", diz a coordenadora do IBGE.
A trajetória também é de queda na inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), para famílias com renda mensal até seis salários mínimos. O indicador subiu 0,08% em agosto, ante 0,23% em julho. No acumulado do ano, a alta é de 3,07%.